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Resultados Finais da Pesquisa sobre o Ritual do Cancelamento no Twitter (Parte 1)

Publicado por:

Paulo Victor

O Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura concluiu o projeto de pesquisa “O ritual e a cultura do cancelamento no Brasil: estudo qualitativo a partir de práticas discursivas na imprensa e na rede social Twitter entre 2018 e 2022”, financiado por meio do Edital 05/2022 – PIBICTI/PROPPG/IFPA/CNPq.

Este projeto foi conduzido por 4 bolsistas de iniciação científica, dentre eles 2 estudantes do ensino médio-integrado e 2 do ensino superior, que publicaram os resultados de suas pesquisas em 5 eventos acadêmicos. Entre os desdobramentos da pesquisa, está a produção de uma monografia de especialização desenvolvida pelo estudante Paulo Victor Ribeiro.

O objetivo principal da pesquisa foi compreender a “cultura do cancelamento” no ciberespaço brasileiro em uma perspectiva ritual a partir da revisão bibliográfica e da análise qualitativa de casos com grande repercussão na mídia brasileira e de manifestações de usuários na rede social Twitter entre 2018 e 2021. Entre as fontes coletadas foram utilizadas publicações da imprensa sobre a chamada “cultura do cancelamento”.

Este fenômeno encontra suas raízes em uma crescente polarização e intolerância observadas em ambientes digitais. Através da análise de diversas matérias de jornais selecionados durante a pesquisa, foi possível identificar algumas das motivações por trás desse fenômeno, com foco na perspectiva da imprensa mundial.

Notamos que os boicotes virtuais se descolam de atos concretos e alimentam a intolerância, indicando que as redes sociais constituem-se em plataforma para a disseminação de discursos de ódio e julgamentos precipitados. Isso, por sua vez, contribui para a rápida propagação de cancelamentos, uma vez que a “viralização” de acusações pode ocorrer antes que todos os fatos sejam apurados.

Nossa sociedade transformou-se em uma “sociedade de linchadores movida a ódio”, alimentada pelo desejo de justiça imediata e de uma sensação de empoderamento nas redes sociais. Nesse contexto, as motivações para o cancelamento frequentemente se baseiam na busca por retribuição, ainda que não haja um processo legal justo.

Outras questões como apropriação cultural, questões identitárias e racismo foram observadas em algumas matérias como desrespeitosas e ofensivas, levando a protestos online e cancelamentos. No entanto, é importante que se destaque que essas mesmas questões podem se tornar uma ferramenta para ampliar vozes que foram historicamente silenciadas, ainda que a forma como o público lida com essas vozes dependa do chamado “local de fala” do sujeito cancelado, dentre outros aspectos.

A cultura do cancelamento levanta preocupações também sobre os limites da liberdade de expressão e o risco de se criar uma “geração de ignorantes” ao eliminar a discussão aberta e o direito ao contraditório e ampla defesa.  Trata-se de uma “estrada para o obscurantismo”, onde o medo do cancelamento pode inibir o debate e a troca de ideias.

🇬🇧 NUPEC has finished the research project “The ritual and culture of cancellation in Brazil”, started in 2022 and funded by CNPq. The research was conducted by four undergraduate students and the results will be used in the production of a specialization monograph. Among the sources used in the research are journalistic reports from different countries on the so-called “cancellation culture”.

🇪🇸 NUPEC ha concluido el proyecto de investigación “El ritual y la cultura de la cancelación en Brasil”, iniciado en 2022 y financiado por el CNPq. La investigación fue realizada por cuatro estudiantes de pregrado y los resultados serán utilizados en la producción de una monografía de especialización. Entre las fuentes utilizadas en la investigación están artículos de prensa de diferentes países sobre la llamada “cultura de la cancelación”.

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