por Adrianne Santos, bolsista de extensão do Labtec
Nick Couldry em seu livro Media rituals – a critical approach, questiona o impacto social das mídias, para ele, como entender esses tempos de excesso em que a mídia tem um significado completamente além da rotina? Em tempos de crise ou triunfo, como a mídia forja um senso público de comunidade e moldam as ações privadas das pessoas – ou nos fazem acreditar que elas o fazem? Assim, para responder tais questionamentos ele utiliza a teoria – não a teoria abstrata, mas a teoria informada pela pesquisa empírica para explicitar o conceito de mídia, seus rituais e quais os impactos gerados na vida social.
Antes de entrar na teoria propriamente dita, é importante destacar que o que se entende por ‘mídia’ aqui, não é nenhuma mídia ou processo de mediação, mas particularmente à mídia central (principalmente televisão, rádio e imprensa, mas às vezes cinema e música, e cada vez mais também comunicação mediada por computador via Internet) através da qual imaginamos estar conectados ao mundo social.
Desta forma, para analisar como o mundo social é “mediado” por um sistema de mídia e enfim descobrir quais efeitos geram na sociedade, ele introduz o termo “rituais da mídia”, sendo o termo referente a toda a gama de situações em que a própria mídia ‘se destaca’, ou parece ‘se destacar’, por algo mais amplo, algo vinculado ao nível organizacional fundamental em que estamos ou imaginamos estar conectados como membros da sociedade, como, por exemplo, certas formas de exibição televisiva “ritualizadas”, a conversa das pessoas sobre aparecer na mídia, nossa atenção “automática” ao ser informado que uma celebridade da mídia acaba de aparecer. Isto posto, para se embasar teoricamente Couldry utiliza a abordagem pós-durkheimiana e antifuncionalista.
É citado em seu livro duas formas de explicar os rituais da mídia: uma rota curta e longa. A rota curta é desenvolvida no capítulo 1, no qual ele além deixar claro quais são essas mídias, posteriormente adentra com o conceito de rituais da mídia, utilizando de teóricos como Durkheim, Bourdieu e Bloch. Enquanto rota longa é desenvolvida teoricamente nos capítulos 2 e 3 e depois explorada a partir de vários ângulos específicos nos capítulos 4, 5, 6 e 7. A necessidade de uma longa rota deriva do fato de que, como indica o subtítulo do livro, ‘Uma abordagem crítica’, ele trabalhará com e contra nosso senso instintivo do que esse termo significa. Couldry quer repensar as noções de senso comum de ‘ritual’ para abordar a complexidade do impacto da mídia contemporânea no espaço social.
Portanto, entender “rituais da mídia” não é simplesmente uma questão de isolar performances (rituais) específicas e interpretá-las; é uma questão de compreender todo o espaço social dentro do qual qualquer coisa como ‘ritual’ em relação à mídia se torna possível. Esta abordagem crítica, nos leva, a posteriori, para o último capítulo no qual ele imagina um mundo diferente onde o poder ritual da mídia é menor, pois as possibilidades de participação na produção midiática são compartilhadas de forma mais equilibrada.
🇬🇧 Media Rituals: a critical approach (2003) is a work written by the sociologist Nick Couldry. The content of the book proposes a reflection on how the media, in general, involving analog and digital forms, cinema, and music, among others, impact life in society, influence private activities, and shape the public sense. By rescuing the theoretical insights of Durkheim, Bourdieu, and Bloch, Couldry explains how Media Rituals are celebrated.
🇪🇸 Rituales mediáticos: una acercarse crítica (2003) es una obra escrita por el sociólogo Nick Couldry. El contenido del libro propone una reflexión sobre cómo los medios de comunicación, en general, involucrando formas analógicas y digitales, cine, música, entre otros, impactan la vida en sociedad, influyen en las actividades privadas y moldean el sentido público. Al rescatar las percepciones teóricas de Durkheim, Bourdieu y Bloch, Couldry explica cómo se celebran los rituales mediáticos.
Referência
COULDRY, N. Media rituals: a critical approach. London: Routledge, 2005.