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Análise do episódio “Urso Branco” (Black Mirror, 2013)

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por Lilia Aguiar, bolsista de extensão do Labtec

White Bear (“Urso Branco”) é o segundo episódio da segunda temporada da série britânica Black Mirror. O episódio foi escrito por Charlie Brooker, criador da série, e exibido pela primeira vez no Channel 4 em 18 de fevereiro de 2013, onde foi visto por 1,2 milhão de espectadores.

O episódio segue Victoria (Lenora Crichlow), uma mulher que não se lembra de quem é, e acorda em um lugar onde quase todo mundo é controlado por um sinal de televisão. Junto com algumas das poucas outras pessoas não afetadas, ela deve parar o transmissor “Urso Branco” enquanto sobrevive a perseguidores impiedosos que usam fantasias, cada qual portando uma arma diferente – serra elétrica, espingarda, taco de baseball, etc. 

Em sua fuga, a protagonista ganha a empatia do público em razão do tratamento cruel a que é submetida por seus perseguidores e por aqueles que tendo a oportunidade para ajudá-la a ignoraram sem que ela e o expectador entendam a razão para isso.

White Bear, contudo, é um episódio que nos coloca diante de um conflito moral. Isso porque desde o seu começo percebemos a situação sob a ótica da aparente vítima, e é nesse ponto que torcemos para que ela consiga sair do conflito ilesa. Quando no final do episódio conhecemos a real face de Victoria, nos deparamos com a possibilidade da personagem não ser a vítima, mas sim a culpada de um crime brutal.

Os questionamentos centrais do episódio surgem a partir daí. O sofrimento da personagem é exposto e consumido como um objeto causador de prazer e diversão, do começo ao fim do episódio. Na primeira parte, a crítica parece girar em torno da utilização da mídia para documentar e divulgar conteúdos carregados de sofrimento. Isso é algo bastante observável na sociedade atual, como quando, por exemplo, recebemos imagens de vítimas de acidente por Whatsapp ou nos deparamos com correntes de Facebook expondo o sofrimento de diversas maneiras – de crianças com anomalias até pessoas mortas.

A segunda parte do episódio também trata sobre a banalização do sofrimento, levantando a questão da justiça com as próprias mãos. A própria encenação do episódio, na série, é um evento que faz parte de uma espécie de “Parque de Justiça”, como um parque de diversões sangrento e violento, mas justificado pelo fato da personagem vítima da violência ter sido cúmplice de um crime. Esse desejo de justiça gera um evento catastrófico e cíclico de sofrimento e violência, visto hoje nos linchamentos e assassinatos justificados pelos “cidadãos de bem”.

🇬🇧 White Bear is one of the episodes from the second season of the British series Black Mirror. Written by Charlie Brooker and released in 2013, the episode tells the story of Victoria, a woman who does not know who she is. During the plot, the character flees from the hands of ruthless killers while being filmed by people who do not help her in her desperate escape. Despite the violence portrayed in the episode and the empathy nurtured for the character, the plot puts the viewer before a moral conflict: what is justice?

🇪🇸 White Bear es uno de los episodios de la segunda temporada de la serie británica Black Mirror. Escrito por Charlie Brooker y estrenado en 2013, el episodio cuenta la historia de Victoria, una mujer que no sabe quién es. Durante la trama, el personaje huye de las manos de despiadados asesinos mientras es filmada por personas que no la ayudan en su desesperada huida. A pesar de la violencia retratada en el episodio y de la empatía que despierta el personaje, la trama sitúa al espectador ante un conflicto moral: ¿qué es la justicia?

Referência

White Bear. Black Mirror. Direção: Carl Tibbetts. Roteiro: Charlie Brooker. Inglaterra/Estados Unidos: Netflix, 2013.

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