O parentesco nas redes sociais on-line

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por Eduarda Campos, bolsista de iniciação científica do NUPEC

Segundo Durham (1982), o parentesco diz respeito ao modo mais amplo de ordenamento das relações de afinidade, descendência e consanguinidade que regula as relações entre famílias e determina as formas de herança e sucessão. Trata-se, portanto, de um sistema de relações, mas não de um sistema objetivo baseado na filiação ou na consanguinidade, uma vez que, tal como a linguagem, opera o mundo arbitrário de representações presente na consciência dos seres humanos.

Com a difusão das tecnologias digitais de informação e comunicação o parentesco assume um novo e instigante lugar possibilitado o estabelecimento de novas práticas de comunicação e relações interpessoais em ambientes digitais e comunidades online. Nesse contexto, a interação por meio de sites de redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas de chamadas de voz e vídeo, seja por meio de computadores ou smartphones, passou a fazer parte do cotidiano das famílias contemporâneas.

Uma dessas formas de interação é através dos aplicativos de mensagem, como o WhatsApp onde os famosos “grupos de família” podem servir como uma importante rede de reciprocidades e troca de informações entre parentes e afins, mas também potencializar tensões e conflitos, a depender do grau de intimidade, relacionamento, identificação, proximidade geográfica e hierarquia entre as diferentes gerações e status social dos membros do grupo.

🇬🇧 Kinship refers to the broadest way of organizing relationships of affinity, descent, and consanguinity. With the spread of digital information and communication technologies, this system takes on a new and instigating place in society, enabling the establishment of new communication practices and interpersonal relationships. One of these forms of interaction is through social networks, where members of a family can meet virtually, meet again, or expose differences that in the offline world are controlled by relationship rules.

🇪🇸 El parentesco se refiere a la forma más amplia de organizar las relaciones de afinidad, descendencia y consanguinidad. Con la difusión de las tecnologías digitales de la información y la comunicación, este sistema adquiere un lugar nuevo e instigador en la sociedad, permitiendo el establecimiento de nuevas prácticas de comunicación y relaciones interpersonales. Una de estas formas de interacción es a través de las redes sociales, donde los miembros de una familia pueden reunirse virtualmente, reencontrarse o exponer diferencias que en el mundo offline están controladas por reglas de relación.

Referências

DURHAM, E. Família e casamento. In. III Encontro Nacional de Estudos Populacionais (Anais do…). Vitória, Espírito Santos, 1982.

FONSECA, C. Olhares antropológicos sobre a família contemporânea. In C. R. Althoff, I. Elsen, & R. G. Nitschke (Eds.). Pesquisando a família: olhares contemporâneos. Florianópolis: Papa-Livro, 2004.

LAWLER, E. J. An Affect Theory of Social Exchange. American Journal of Sociology, pp. 321–352, 2001. Disponível em https://digitalcommons.ilr.cornell.edu/articles/1262 

WILSON, S. M.; PETERSON, L. C. The Anthropology of Online Communities. Annual Review of Anthropology, v. 31, n. 1, pp. 449–467, 2002. https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.31.040402.085436 

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