Wesley Cantão
A primavera árabe foi uma onda de manifestações populares que começaram na Tunísia em dezembro de 2010. Mais do que um evento ou série de eventos, a primavera árabe marca um período de mudanças políticas e sociais históricas que ocorreram no Oriente Médio e norte da África. O ciberativismo foi fundamental para a mobilização das manifestações na Tunísia, no Egito e na Líbia, pois permitiu que os cidadãos se comunicassem além dos meios oficiais. A troca rápida de informações e a possibilidade de organizar protestos sem que as autoridades soubessem pelas redes sociais e aplicativos de troca de mensagem foi o grande trunfo das multidões que tomaram as ruas.
Assim, diante do contexto de protestos e manifestações populares ocorridos no mundo, o Brasil também teve seu momento. Em 2013, milhares de pessoas tomaram as ruas das cidades, primeiro de São Paulo, depois de outras capitais e cidades do interior, exigindo que o governo revise um reajuste de 20 centavos nas passagens de ônibus. O que estava em jogo era o “direito à cidade”: se a população não pode se locomover, a cidade não é livre: pertence a poucos.
O Movimento Passe Livre foi o maior responsável pelo início das manifestações em São Paulo no que ficou conhecido como Jornadas de Junho. No início dos protestos as mobilizações aconteceram ao redor de uma única pauta: o aumento nas tarifas de transporte público. Faz-se necessário destacar uma particularidade das manifestações ocorridas no Brasil: enquanto na Espanha e nos países árabes os protestos mantiveram suas pautas originais, em terras brasileiras a ida às ruas fez com que diversas questões viessem à tona: “Milhões de pessoas ocuparam as ruas e redes exprimindo uma surpreendente e imprevista indignação”.
O perfil das manifestações brasileiras também foi diferente do de protestos realizados em outras terras, especialmente no Oriente Médio. Cartazes espalhados pelo país afirmavam que não era mais pelos vinte centavos. A pauta única deu lugar a uma multiplicidade de queixas que não representavam o todo. Dessa forma, pode-se concluir que o ciberespaço influenciou a ascensão de Bolsonaro nas redes sociais, assim como sua vitória em 2018, pois a organização dessas manifestações se deu através dos territórios digitais, sobretudo o Twitter e o Facebook, principalmente através da propagação de fake news. Assim, Jair Bolsonaro tornou-se um território, corpo, em que os seus seguidores, população, tornam-se um símbolo que compõem e representam as suas ideologias e retóricas.
🇬🇧 The Arab Spring and the 2013 protests in Brazil were fuelled by cyberactivism, sparking political change. In the Brazilian context, cyberspace was key to Bolsonaro’s rise, highlighting his role as a symbol of ideologies spread through digital platforms.
🇪🇸 La Primavera Árabe y las protestas de 2013 en Brasil fueron impulsadas por el ciberactivismo, desencadenando cambios políticos. En el contexto brasileño, el ciberespacio fue fundamental para el ascenso de Bolsonaro, destacando su papel como símbolo de ideologías difundidas a través de plataformas digitales.
