O cancelamento de Lilia Moritz Schwarcz

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Ana Beatriz Miranda Veiga

Lilia Katri Moritz Schwarcz possui 65 anos, é doutora em antropologia social pela USP e, atualmente, professora titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na mesma universidade. Seu trabalho se destaca pelo aprofundamento em temas pertinentes à formação social brasileira, sobretudo em face às questões raciais e suas conexões com a historiografia nacional.

Lilia foi cancelada no período de 02/08/2020 à 07/08/2020, após publicar o artigo “Filme de Beyoncé erra ao glamourizar negritude com estampa de oncinha”, na Folha de S. Paulo, onde teoriza que, apesar de chegar em boa hora, fortalecendo o pulso das manifestações mundo afora contra o genocídio da população negra, o filme destoa dos anseios atuais da comunidade por recorrer a “imagens tão estereotipadas” que criam “uma África caricata e perdida nos tempos das savanas isoladas”.

Utilizando a justificativa de Lilia ser uma mulher branca e “não ter lugar de fala”, intelectuais e influenciadores negros recorreram às redes sociais para manifestar repúdio ao fato de, na visão deles, a historiadora, uma mulher branca, estar dizendo a Beyoncé como ela deve retratar sua própria história enquanto mulher negra, por terem encarado como um tipo de desvaloriação do trabalho e da importância de Beyoncé na indústria cultural.

Lilia também recebeu comentários a seu favor, já que a mesma possui respaldo acadêmico e utilizou uma análise antropológica para redigir o artigo. Porém, mesmo diante de apoiadores, veio a público se desculpar.

🇬🇧 In 2020, Lilia Katri Moritz Schwarcz was the target of cancellation for criticizing the American singer Beyoncé, in an article in the newspaper Folha de São Paulo. The content of the text revolved around a film about Africa which, according to the academic, expresses a stereotyped view of the continent. Schwarcz received negative comments that highlighted her place of speech as a white woman, but also received support in the name of her trajectory as an intellectual apt of the discussion she proposed.

🇪🇸 En 2020, Lilia Katri Moritz Schwarcz fue objeto de cancelación por críticas a la cantante estadounidense Beyoncé, en un artículo del diario Folha de São Paulo. El contenido del texto giraba en torno a una película sobre África que, según la profesora, expresa una visión estereotipada del continente. Schwarcz recibió comentarios negativos que destacaban su posición como mujer blanca, pero también recibió apoyo en nombre de su trayectoria como intelectual apta a la discusión que proponía.

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