Discurso de Ódio e Misoginia em Páginas Masculinistas nas Redes Sociais

Publicado por:

Adryan Cesar Benjamin da Silva, Pesquisador do NUPEC

Ao dialogarmos acerca de práticas que emergem e tornam-se comuns nas redes sociais, torna-se inevitável  a discussão sobre a prática do discurso de ódio, que refere-se à transmissão de conteúdos ideológicos de preconceito, xenofobia, misoginia e racismo a indivíduos ou grupos minoritários. Trindade (2022) destaca que muitas pessoas se amparam na falsa ideia de anonimato das redes sociais para se isentarem da responsabilidade pelos ataques, tal como na de que estão expondo uma opinião. Desse modo, mulheres tornam-se um dos principais alvos dos ataques, revelando uma ação intencional de colocá-las, ainda que simbolicamente, em um lugar de subalternidade e inferioridade social. Assim, estabelecido como uma das formas de proliferação e manutenção dos princípios de subalternização de corpos femininos, o movimento masculinista (machosfera), tem se expandido extraordinariamente nos últimos anos, particularmente com a ascensão da ideologia autoritária e dos ataques antidemocráticos às instituições brasileiras (Lima-santos; Santos, 2003). 

A machosfera, inicialmente concebida como espaço de fortalecimento masculino e para que homens pudessem discutir sobre assuntos que os atravessam, transformou-se rapidamente em um ambiente altamente misógino e de propagação de discursos de ódio contra as mulheres. Seus adeptos, eufemizando seus discursos, levantam pautas que perpassam por uma vitimização da figura masculina em consequência dos avanços conquistados pela causa feminista, posicionando-se integralmente contrários a esta. As pessoas alinhadas à ideologia masculinista se autodenominam pelo que entende-se por “lúcido” no que tange à realidade, sociedade e estrutura social, no entanto, o movimento não é homogêneo, havendo divergências e convergências que os diferenciam entre si. 

Importante enfatizar que o masculinismo como um todo revelou possuir fortes representações na política, sobretudo na extrema direita política brasileira, em vista que seus alinhamentos ideológicos relacionam-se à uma manutenção do patriarcado e intolerância já estabelecido, representando também uma forte ofensiva à liberdade e autonomia concebidas pela causa feminista.

🇬🇧 Hate speech, prevalent on social media, encompasses prejudice, xenophobia, and misogyny, with women as primary targets. The masculinist movement, or “machosfera,” has become a misogynistic space opposing feminist progress, advocating male supremacy, and aligning with Brazil’s far-right politics. It fosters intolerance and reinforces patriarchy, posing a threat to the freedom and autonomy women have achieved.

🇪🇸 El discurso de odio, prevalente en las redes sociales, incluye prejuicios, xenofobia y misoginia, con las mujeres como principales víctimas. El movimiento masculinista, o “machosfera”, se ha convertido en un espacio misógino que combate los avances feministas, defiende la supremacía masculina y se alinea con la extrema derecha brasileña. Fomenta la intolerancia y refuerza el patriarcado, amenazando la libertad y la autonomía logradas por las mujeres.

🇨🇳 社交媒体上常见的仇恨言论包括偏见、仇外心理和厌女症,其中女性是主要目标。男性主义运动或男子气概,作为一个厌恶女性的空间而出现,它反对女权主义的进步,捍卫男性至上并与巴西极右翼结盟。它助长不宽容并强化父权制,威胁妇女实现的自由和自主。

Traduzido por: Maria Eduarda Pena (mariasilvapena987@gmail.com) e Iury Guerreiro (nadadorblm@hotmail.com) 

Referências: 

COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história. Dourados: UFGD, 2014. LIMA-SANTOS, A. V. de S., & Santos, M. A. dos. (2022). Incels e Misoginia On-line em Tempos de Cultura Digital. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 22(3), 1081–1102. https://doi.org/10.12957/epp.2022.69802

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