A expropriação da existência humana nas redes sociais

Publicado por:

Wesley Silva, Pesquisador do NUPEC

O mundo experimentou, quase que de forma majoritária, a expansão do sistema capitalista. Do capitalismo mercantilista, industrial e financeiro – sendo este último a atual fase do sistema sob representação dos monopólios e oligopólios –, às sociedades foram submetidas às mais diversas táticas e práticas de obtenção de lucro por parte deste sistema. No debate marxiano, a exploração do trabalhador é representada pelo lucro excedente, isto é, pela mais valia, sendo o marco central nos debates relacionados ao sistema durante os séculos 19 e 20. Com o processo de globalização, avanço dos aparatos técnicos e tecnológicos, mormente no período pós guerra, surgimento da internet, popularização das redes sociais etc., o capitalismo desenvolveu novas formas e táticas para continuar obtendo lucros. Trata-se, assim, de uma nova faceta do sistema: o capitalismo de vigilância. Tal conceito foi popularizado pela pesquisadora norte-americana Shoshana Zuboff, em seu livro de 2021, intitulado “A era do Capitalismo de Vigilância”. A autora aborda como a atual fase do sistema capitalista vem operando para transformar as experiências virtuais dos indivíduos, no interior das redes sociais, em matérias primas e transformando-as em lucratividade para os capitalistas de vigilância. As Bigs Techs são uma das principais responsáveis por essa vigilância, tendo o caso do escândalo de dados envolvendo o Facebook (atual Meta) e a Cambridge Analytica. Milhões de dados foram vazados e utilizados nas eleições norte-americanas de 2016, influenciando diretamente a vitória de Donald Trump no referido ano. Com isso, um novo debate emerge e ganha centralidade no campo da pesquisa: a expropriação da existência humana nas redes sociais, ou seja, como essa nova faceta do sistema molda nossas relações subjetivas, culturais, políticas e, sobretudo, de consumo, afetando diretamente nossas materialidades. 

🇬🇧 The capitalist system has expanded, subjecting societies to various profit-making practices. With globalization, surveillance capitalism emerged, a concept by Shoshana Zuboff that describes the conversion of virtual experiences into profitable resources. This phenomenon drives a debate about the expropriation of human existence on social networks and the impact of this new face of the system on subjective, cultural, political and consumer relations, affecting our materialities.

🇪🇸 El sistema capitalista se expandió, sometiendo a las sociedades a diversas prácticas lucrativas. Con la globalización surgió el capitalismo de vigilancia, un concepto de Shoshana Zuboff que describe la conversión de experiencias virtuales en recursos rentables. Este fenómeno impulsa un debate sobre la expropiación de la existencia humana en las redes sociales y el impacto de esta nueva cara del sistema en las relaciones subjetivas, culturales, políticas y de consumo, afectando nuestras materialidades.

🇨🇳 资本主义制度不断扩张,使社会受到各种盈利行为的影响。随着全球化的进程,监控资本主义应运而生,这是 Shoshana Zuboff 提出的概念,描述了虚拟体验向有利可图的资源的转化。这一现象引发了关于社会网络对人类存在的剥夺以及这一系统新面貌对主观、文化、政治和消费者关系的影响的争论,影响了我们的物质性。

Referências:

SILVA, Wesley Ribeiro Cantão; LEAL, Julie Christie Damasceno. O capitalismo de vigilância nos meios digitais como forma de expropriação da existência humana. In: BEZERRA, Daniele Borges; MAGNI, Cláudia Turra; LISE, Fernanda; TORRES, Isadora de Leon (org.). Máquinas, corpos e grafias: tecnopoéticas em perspectiva transdisciplinar. 1. ed. Porto Alegre: Ideograf, 2025. p. 260–271.ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Tradução: George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.

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