Etnografia do Tambor de Mina no Ciberespaço – Dissertação de Mestrado

Publicado por:

Arlindo Figueiredo do Rosário Júnior, Pesquisador do NUPEC

A dissertação em curso no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCom) investiga os principais motivos que levaram adeptos do Tambor de Mina na Amazônia (Pará e Maranhão) a ocuparem o ciberespaço, analisando as práticas comunicacionais, as relações sociais e culturais que essas comunidades estabelecem no ciberespaço. 

Após a sistematização do plano de estudo, que contou com uma reestruturação na metodologia da pesquisa, para que alguns objetivos específicos pudessem ser atingidos, mudamos a netnografia para etnografia multissituada, que envolve a investigação de múltiplos locais e plataformas digitais (Marcus, 1995). Isso nos permite traçar conexões entre diferentes contextos e entender como as práticas culturais sem deslocamento e se transformam no ambiente digital e no meio social offline. 

Atualmente estamos finalizando um estudo sistemático de bibliografias úteis para a nossa investigação, em seguida iniciamos a pesquisa de campo, através da observação participante em quatro comunidades particulares: duas localizadas no Maranhão e duas no Pará, estados brasileiros pioneiros do Tambor de Mina. Entre as comunidades estudadas, temos o Terreiro de Pai Zé Preto de Oxum, em Itapecuru (Maranhão). Este sacerdote é dono de um canal chamado Tribuna Jurandiense que publica conteúdo sobre Tambor de Mina, e também está sendo estudado pelo Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura (NUPEC/IFPA). 

O retorno desta pesquisa à comunidade afro-religiosa na Amazônia também começa a se delinear nos próximos meses. A produção de uma cartografia com inspirações metodológicas na Cartografia Social da Amazônia, será produzida em parceria com o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), e começa a se estruturar por meio de uma finalização do plano de ação criado conjuntamente com a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), do Governo do Estado do Pará. 

Pretendemos coletar informações sobre a experiência diária dos praticantes de Tambor de Mina, suas relações e suas vivências de resistência cultural e religiosa diante de um cenário mais amplo, caracterizado por diversidades e prejuízos sociais e raciais. Para esta pesquisa, podemos citar fundamentos teóricos como Rifiotis, Máximo & Segata (2024), Santos (2023), Fanon (2022).

🇬🇧 Arlindo Figueiredo’s research investigates how followers of the Tambor de Mina (PA and MA) occupy cyberspace, analyzing communication and cultural practices. Using multi-sited ethnography, communities such as the Terreiro de Pai Zé Preto are studied. In partnership with NAEA and SEIRDH, a social cartography will be created that values Afro-religious cultural resistance in the Amazon.

🇪🇸 La investigación de Arlindo Figueiredo investiga cómo los seguidores del Tambor de Mina (PA y MA) ocupan el ciberespacio, analizando la comunicación y las prácticas culturales. Utilizando etnografía multisituada, se estudian comunidades como el Terreiro de Pai Zé Preto. En colaboración con NAEA y SEIRDH, se creará una cartografía social que valorice la resistencia cultural afro-religiosa en la Amazonia.

🇨🇳 Arlindo Figueiredo 的研究调查了 Tambor de Mina(PA 和 MA)的追随者如何占据网络空间,分析了交流和文化习俗。该研究采用多地点人种学方法,对 Terreiro de Pai Zé Preto 等社区进行了研究。将与 NAEA 和 SEIRDH 合作,绘制一幅社会地图,以评估亚马逊地区非洲宗教文化抵抗的价值。

Traduzido por: Noel Bittencourt (noelbittencourt@hotmail.com) 

Referências

FANON, F. Os Condenados da Terra. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Zaha, 2022.

MARCUS, George. Ethnography in/of the World System: the emergence of multi-sited ethnography. In: Annual Review of Anthropology, v. 24, Palo Alto, California, p. 95-117. 1995. 

RIFIOTIS, Theophilos; MÁXIMO, Maria Elisa; SEGATA, Jean. Etnografias do digital: um futuro mal distribuído na antropologia. Horizontes Antropológicos, v. 30. N. 68. 2024. 

SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu. Editora/PISEAGRAMA, 2023.

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