Jaqueline Barros Lopes, Pesquisadora do NUPEC
Como extensão das relações sociais no mundo físico, o ciberespaço possibilita, através das redes sociodigitais, o contato com pessoas politicamente expostas, cuja proximidade é mais difícil fora do mundo virtual. Quando falamos sobre discurso de ódio, é inevitável debatermos acerca de manifestações de ideologias e pensamentos ofensivos contra uma pessoa ou um grupo social em função de seu gênero, orientação sexual, etnia ou classe. Práticas preconceituosas e odiosas migraram para as redes sociais, configurando o discurso de ódio na internet, conforme preconiza Trindade (2022). Não raro, encontramos grande ocorrência de ataques com teor misógino e transfóbico no Instagram e no X contra mulheres, em geral negras, inseridas na política e que denotem representatividade. Alguns sob a forma de comentários, apoiando-se sob a fantasiosa ideia de liberdade de expressão, utilizando jargões semelhantes a expressões nazifascistas, constituindo um viés patriarcal e intolerante, que se alinha à ideologia política de extrema direita.
Importante ressaltar que a identidade de gênero consiste em como o indivíduo se identifica com o seu gênero e não está relacionado com a orientação sexual, tão pouco com as características físicas associadas ao sexo biológico. O que determina a identidade de gênero é o modo como a pessoa se sente e se percebe, e é assim que ela deseja ser reconhecida por outras pessoas. Cisgênero, resume-se em como o indivíduo se identifica com o seu gênero de nascimento; transgênero, quando o indivíduo se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído no nascimento; e não-binário, quando o indivíduo não se reconhece em nenhum gênero ou transita entre eles.
Cabe enfatizar que, no pleito eleitoral de 2024, 82% dos candidatos a vereador eleitos declararam ser do gênero masculino, e apenas 18% declararam ser do gênero feminino, enquanto que 87% dos prefeitos eleitos são homens e 13% são mulheres. A partir disso, inferimos que as mulheres ainda são minoria dentro da política e nos faz questionar se muito da falta de representatividade feminina se dá por conta desse tipo de violência, que desencoraja as mulheres a participar mais ativamente da política.
🇬🇧 When talking about hate speech, it is crucial to debate ideological manifestos against a person based on gender or class. Prejudice practices are on the internet in the form of comments and are based on the idea of freedom of expression, generating a patriarchal bias. 2024, 18% of councilors and 13% of elected mayors are women, it is noted that women are a minority in politics and questions are raised about the lack of female visibility given by such violence, discouraging them from participating in politics.
🇪🇸 Cuando se habla de discurso de odio, es crucial debatir los manifiestos ideológicos contra una persona en función de su género o clase. Las prácticas de prejuicio están en internet en forma de comentarios y se basan en la idea de libertad de expresión, generando un sesgo patriarcal. En 2024, el 18% de los concejales y el 13% de los alcaldes electos son mujeres, se constata que las mujeres son minoría en la política y se cuestiona la falta de visibilidad femenina dada por tal violencia, que las desalienta a participar en política.
🇨🇳 在谈论仇恨言论时,基于性别或阶级来辩论针对某人的意识形态宣言至关重要。偏见做法以评论的形式出现在互联网上,并基于言论自由的理念,产生了父权偏见。到 2024 年,18% 的议员和 13% 的当选市长是女性,值得注意的是,女性在政治中是少数,人们对此类暴力行为缺乏女性能见度提出质疑,从而阻碍了她们参与政治。
Traduzido por: Iury Guerreiro (nadadorblm@hotmail.com)
Referências:
COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história. Dourados: UFGD, 2014.
SCOTT, Joan Wallach; LOURO, Guacira Lopes; SILVA, Tomaz Tadeu da. Gênero: uma categoria útil de análise histórica de Joan Scott. Educação & realidade. Porto Alegre. Vol. 20, n. 2 (jul./dez. 1995), p. 71-99, 1995.