Ana Beatriz Miranda Veiga
No mundo da internet, principalmente no terreno das redes sociais, tem se tornado comum encontrar conteúdos que dizem respeito a uma pessoa que foi “cancelada”. A expressão diz respeito à chamada “cultura do cancelamento” termo que apareceu pela primeira vez na imprensa brasileira em 2018 (SOUZA e ALENCAR, 2021), mas que se popularizou em 2019 por meio do movimento #Meetoo, ocorrido nos Estados Unidos.
Os resultados obtidos até o momento na pesquisa demonstram que o cancelamento advém de um processo de midiatização (HJARVARD, 2012) da sociedade contemporânea e que por meio da virtualização altera as relações e normas que permeiam a interação (GOFFMAN, 2008), pontua-se também que possui temporalidade e eficácia limitada ao ciberespaço ou se perdura no tempo e afeta a vida offline do “cancelado”, a partir disso, foi possível perceber categorias nesse fenômeno: cancelados, revogados e incanceláveis.
O cancelamento, neste sentido, não ocorre de maneira espontânea como uma ação individual isolada. É sobretudo, resultado do ativismo político de subculturas ou classes sociais estigmatizadas que agem através de um conjunto articulado de práticas a fim de tornar a iniciativa do cancelamento eficaz atacando a reputação do indivíduo em questão ou ameaçando seus meios de subsistência atuais e futuros.
As personalidades selecionadas para o estudo seguiram critérios de escolha, um dos mais importantes foi o período o qual a mesma sofreu o cancelamento, já que é necessário que os casos tenham acontecido entre 2019 a 2022, outro critério foi o impacto do caso na mídia e internet, os casos escolhidos tiveram uma alta repercussão na internet e por conta disso tornaram-se objeto de estudo, além desses, outros critérios se destacam como: motivação, impacto do cancelamento na vida da celebridade, tempo do cancelamento, etc. A plataforma para a coleta de dados escolhida foi o BuzzMonitor.
Com auxílio da plataforma Buzzmonitor foi possível compreender a temporalidade do ritual do cancelamento por meio da quantização dos tweets das respectivas personalidades pré definidas pelo seu impacto social, a plataforma fornece dados e representações gráficas cuja análise permite notar que sua exposição pode durar dias ou semanas, uma vez que o fluxo de informações na rede pode oferecer novos tema ou alvos para o cancelamento. O cancelado, contudo, está sempre predisposto a ser cancelado novamente, o que pode representar novos ciclos de exposição na rede social.
🇬🇧 The term “cancel culture” has gained strength since it became popularized through the #MeToo movement in 2019. This phenomenon is intimately related to the process of social mediatization and political activism of stigmatized social classes. It especially affects public figures, as can be seen in the data collected up to the present moment.
🇪🇸 El término “cultura de la cancelación” ha ganado fuerza desde que se popularizó a través del movimiento #MeToo en 2019. Este fenómeno está íntimamente relacionado con el proceso de mediatización social y el activismo político de las clases sociales estigmatizadas. Afecta especialmente a personalidades públicas, como se puede ver en los datos recopilados hasta el momento presente.